sábado, dezembro 30, 2006

POESIARTE DE JOÃO PEDRO RORIZ


A poesiarte apresenta: João Pedro Roriz. Poeta e ator carioca.

Vejamos um poe
ma de sua autoria:
 

"A DIVINA COMÉDIA"

Nossos olhos repousam após a divina tormenta do tempo;
Nossos sonhos dançam constrangidos sob a chancela de acordes viscerais;
Os quebrantos colossais se abraçam sofridos...
E despertamos num sórdido momento de ilusão.

Nos amamos, escondidos...
Com os olhos lançados no abismo que separa o inferno do paraíso;
E nesse furto solitário das emoções tempestivas, nos consumimos,
Pois o mistério contradiz o tempo quando somos bandidos.

_________________________________________
Poema integrante do livro "A Poesia Teatral" (João Pedro Roriz, Editora Ibis Libris)

sábado, dezembro 23, 2006

POESIARTE EM FOCO DE MEG FONSANT


A poesiarte apresenta: Meg Fonsant. Poeta de Porto Alegre-RS.

Vejamos uma poesia de sua autoria:


"DESEJOS &  BEIJOS SEM LAPIDAÇÕES"

Com os mesmos dedos que cavam,
revolvem a terra e fertilizam
Quero cravar-te os dedos.
Afundar-me em ti,
até encontrar tua Alma.


Lamberei meus dedos lambuzados
de ti, felizes por ti...
Sorvendo e lentamente degustando
tudo o que é teu.

Terei por fim alcançado
o que te manteve enclausurado,
triste e febril.

Tenho faro de Bloodhound, e agilidades
de felinos Heiters
para cravar em teus instintos...
Para alcançar-te com camaleônicas e suaves mãos.

E nos beijos volverás aos delírios.
Sugando a língua,
arrancando de teu corpo
outros sentidos...
Alcançando-te a alma
do passado em que sofrias.

Farei ao teu presente a poesia
Na duração, que desejares, desse beijo.


(Poeta Meg Fonsant - 20/12/2006)

terça-feira, dezembro 05, 2006

POESIARTE EM FOCO DE JOAQUIM MONCKS



A poesiarte apresenta: Joaquim Moncks. Poeta nascido em Pelotas-RS.

Vejamos uma poesia de sua autoria:


"BAÚ DOS AMORES"
 
E o poeta perde a bússola
de todos os caminhos
o destino marcado por andar
sem nunca fazer morada.
Mergulha na insolente emoção,
indormido milagre de estar junto
flama permanente de tudo
e com este archote ardido
empalma o facho da Poesia.

Débil réstia, luz pros olhos antigos
o coração cantando alegorias
na permanente ilusão.

Por fim, depois de tantas estripulias
– da estrela d'alva ao poente –
luzes coroam aqueles outros
que tanto como os escribas
são pura poesia
eternos motivos para o canto.
São estas almas simples
que perpassam a permanente inocência
aos seus olhos roxos de esperanças.

– Do livro, em preparo, BULA DE REMÉDIO, 2004 / 06.

(Poeta Joaquim Moncks)

sexta-feira, dezembro 01, 2006

POESIARTE EM FOCO DE ANTONIO KLEBER MATHIAS NETO


A poesiarte apresenta: Antonio Kleber Mathias Neto. Poeta de Macaé-RJ.

Vejamos uma poesia de sua autoria:

"SONEGAÇÃO"

Participo das buscas ao teu lado,
procura indefinida, precipícios,
sob as manhãs incertas dos meus vícios,
aprendiz no teu corpo aventurado.

Se tanto eu desconheça desde o início
as razões do teu gosto inconformado
- tanto que ele é o escopo procurado -,
em ti não desconheço os artifícios!

A nudeza, tesouro que me entregas,
filha da intrepidez concupiscente,
transforma a lucidez em obsessão!

Perdido na refrega da emoção,
sinto a tua lascívia tão presente!
Mas noto que tua alma me sonegas!

(Poeta Antonio Kleber Mathias)

domingo, novembro 19, 2006

POESIARTE EM FOCO DE ELTON MALAQUIAS


A poesiarte apresenta: O primeiro colocado no I CONCURSO CONSCIÊNCIA NEGRA DE POESIA 2006 do Colégio Municipal Professora Elza Maria Santa Rosa Bernardo.

*Nome da aluno: Elton N. Malaquias - Turma: 2001/Ensino Médio.



“Consciência Negra”

Nesta terra de riquezas, 
Que foi palco de maldades,
Onde se fez ecoar, o grito de ‘liberdade’.
Mãos calejadas, pés inchados,
Marcas de sofrimento,
Que são escondidas pelo tempo,
Que sopesam, por estar vigentes
Nos corações dos inocentes.
O martírio terminou, os açoites
Se findaram e o sangue não jorra mais,
Esvaído pelas chagas,causadas pelo azorrague,
Que foi forjado, no sentimento de superioridade
Dos homens poderosos e da dura servil.
Depois de um decreto, estimado por poucos,
O coração desejoso, pode então aspirar um futuro
De igualdade.
Depois deste lapso, a consciência negra,
Nos faz refletir sobre o que ainda subsiste
Nos corações dos filhos desta terra.
Ainda está em vigência,
O bater do azorrague,
Não concreto, mas um sentimento
Abstrato, que se tornou
Um instrumento de conceito errôneo
E causa o martírio na dignidade,
E no sentimento de amor próprio.
Esta consciência, tem que
Se tornar em pugnação
Contra a mão que bate
E gera a inferioridade e a superioridade
Do potencial humano e extinguindo a igualdade.


(Elton N. Malaquias)

sábado, novembro 18, 2006

POESIARTE EM FOCO DE PRISCILLA RAMOS


A poesiarte apresenta: O segundo colocado no I CONCURSO CONSCIÊNCIA NEGRA DE POESIA 2006 do Colégio Municipal Professora Elza Maria Santa Rosa Bernardo.

*Nome da aluna: Priscilla Ramos da Cruz - Turma: 2001/Ensino Médio.

Vejamos a sua poesia:

“Nossa canção”


Ouçam o canto de lamento
Daqueles que em tormento cantam,
Para a tristeza espantar.
Muitos que ouvem esse som
Não se agradam do tom
E querem nos calar.
A chibata do capitão-do-mato,
Hoje é a arma do soldado
Que vem nos revistar.
Fomos reprimidos, fomos escravizados...
Tentaram nos manter calados,
Porém agora, vão nos ouvir cantar.
Nosso canto é de tristeza
Apesar de tal beleza
Não querem nos deixar cantar.
Nosso canto é de protesto
Uma orquestra sem maestro,
Que canta sem desafinar.
Fomos vozes do deserto,
Que num futuro bem perto,
Sonhamos a todos cantar.
Cantamos de coração!
Essa é a nossa canção
E nunca conseguirão nos calar.


(Priscilla Ramos da Cruz )

POESIARTE EM FOCO DE MIDIÃ DA SILVA


A poesiarte apresenta: O terceiro colocado no I CONCURSO CONSCIÊNCIA NEGRA DE POESIA 2006 do Colégio Municipal Professora Elza Maria Santa Rosa Bernardo.

*Nome da aluna: Midiã da Silva Soares - Turma:3000/Ensino Médio.

Vejamos a sua poesia:


“Decisão dolorosa”


Dorme meu filho em meu ventre.
Não quero que este mundo lhe conheça.
Por fora é puro e belo,
Por dentro as raízes são negras.
Não quero que meu filho seja culpado,
Por tudo que tem a sofrer.
Perdoa-me a decisão amarga.
Não precisa vir a nascer.
Espero que o céu mantenha teu riso,
Nas mais belas estrelas a brilhar.
Em meu peito terei a certeza,
Que um dia iremos nos encontrar.

(Midiã da Silva Soares)

domingo, novembro 05, 2006

POESIARTE EM FOCO DE PAULO NEUMAN

A poesiarte apresenta: Paulo Neuman. Poeta nascido em Boa Nova-BA.

Vejamos um poema de sua autoria:

ELEMENTOS

Somos elementos de diferentes conjuntos
Juntos, não chegaremos ao canto determinado
Divórcio é tudo o que podemos ser amanhã
Canto aquela canção e me despeço de você.

Gosto da poesia de Manoel Bandeira
Porque conheço minhas perdas e fracassos
Trago na manga a carta definitiva de ontem
Não dou bandeira - não estou apaixonado!

Nadei para não morrer na praia deserta
Volto para a metrópole com angústias urbanas
Sábado haverá sarau no bar de Rosa Maria
Contudo, trancar-me-ei naquela retrospectiva!

Enquanto lá em Trindade ninguém dorme nem hoje nem nunca...

Ontem eu era o cineasta em busca do panorâmico
A musa disse-me não mais uma vez e nada é novo
Os atores sentem fome e eu ofereço "nada" a todos
Eu não quis fazer-me de vítima - dancei forró!

Encomendei Rosas Vermelhas ao ontem-insano!
Agora já não amo mais ninguém - enganado fui!

Paguei pelas Rosas Vermelhas e nada recebi!

Numa perfeita desconstrução de mim mesmo estilizado
Em sonhos, mudo de endereço e viajo feliz outra vez!

Nesta altura do drama, eu quero apenas desfalecer
Numa perfeita desconstrução de mim mesmo estlizado
Em sonhos, mudo de endereço e viajo feliz outra vez!

Bem que eu quis beber apenas o passado remoto
Mas a taça já estava sobre a mesa arrumada e definitiva!

Garçons circulam pela sala suspeita...
Já é madrugada e nada de concreto acontece...

Apenas um baile à fantasia:
Todos descaradamente mascarados!

(Poeta Paulo Neuman)


sábado, outubro 21, 2006

POESIARTE EM FOCO DE JIDDU SALDANHA


A poesiarte apresenta: Jiddu Saldanha. Poeta nascido em Curitiba-PR e residente de Cabo Frio-RJ.

Vejamos alguns haicais de sua autoria:


HAICAIS

na hora de partir
lembranças de tudo
a vida se reescreve

***
perdido no meio do mundo
o sol procura o mistério
para torná-lo mais quente

***
passou por aqui
uma formiga afoita
cigarras no jardim

***
vento soprando frio
a pontinha dos dedos
foge das meias de lã

***
a cada manhã
um colibri pousa em mim
é o néctar do teu corpo

***
louco pra te amar
a noite parece não vir
o cantador adormece

***
meu coração assim aceso
com flechadas sangrentas
verte poesia ensolarada

***
leva-me para longe
com tua língua molhada
faça-me emboscadas

***
a caminho de casa
uma valsa toca e meu coração
só pensa em descanso

***
por mais que o instante
seja breve
a caneta escreve


(Poeta Jiddu Saldanha - 2006)

quinta-feira, outubro 12, 2006

POESIARTE EM FOCO DE SERGINA MELLO


A poesiarte apresenta: Sergina Mello. Poeta e responsável pelo jornal cabo-friense "Milenium".

Vejamos uma poesia de sua autoria:

A Graça da Palavra Simples

Deus,
Dai-me o dom de escrever poemas
E a graça da palavra bela.
Dai-me a virtude de fazer poesia,
Para que eu possa, 
Com meus verbos simples,
Relatar a vida, o amor e a morte.
E possa, em frases bem cuidadas,
Descrever os sons e as cores
O céu e o deserto.
Deus,
Fazei de mim poeta
Trovadora errante, musa e santuário,
Harpa e firmamento.
E, eu, poeta, possa Deus onipotente,
Em cânticos suaves e
Palavras bem serenas,
Contar a ele o quanto
O amor é belo
E meu amor é grande.

(Sergina Mello - Cabo Frio, 1976)

*Foto de Sebastião Salgado - Primeira comunhão em Juazeiro do Norte - Brasil ,1981.

sábado, outubro 07, 2006

POESIARTE EM FOCO DE FLÁVIO OTÁVIO


A poesiarte apresenta: Flávio Otávio. Poeta de Bela Vista-MG. Autor do livro de poesias "Cata-Ventos".

Vejamos uma poesia de sua autoria:


"Contradições"

Traze-me as respostas,
Todas à ponta da língua,
Como uma íngua
A ferir-me a virilha...
As tuas mãos são pesadas,
E meu ombro calejado
Não suporta o abraço
Em que me envolves...
Teu olhar inveja-me...
Teu cheiro causa-me ânsia...
E, você insiste em dizer-me
As definições da vida.
Já viveste o bastante
Para se tornar meu guia?
O espírito levita só;
O corpo esfacela ante o pórtico,
Você se aniquila,
Evapora na fumaça de enxofre
E cálidas formas.
Eu sigo meu caminho de penas...
Prisioneiro de minhas próprias
Limitações...
Consumido em minhas dores
E angustiosas indagações...
Meu caminho se torna longo
E a chegada cada dia mais distante...
Nenhum anjo me carrega,
Tenho que caminhar
Com minhas próprias pernas...
Tenho que escrever
Minha própria história...
Mas como?
Se minhas pernas já não andam,
E meu corpo não responde
Aos meus comandos?
Marionetizei-me
Segundo os teus desejos,
Tirei minhas conclusões
Das conclusões alheias;
E, hoje estou mais imperfeito ainda!
Sorrio o mesmo sorriso forçado,
Minhas frases são todas ensaiadas
Em músicas que já não tocam em rádios...
O mundo me acha o máximo
Mas sou a mínima das verdades...
Sou alto e forte
Embora pequeno e fraco...
Sou tudo
Ante o absurdo do nada...
E, assim, me tornei um sujo
De corpo e alma alva!

(Flávio Otávio) Bela Vista-MG

quarta-feira, outubro 04, 2006

POESIARTE EM FOCO DE TORRES DO CABO



A poesiarte apresenta: Torres do Cabo. Poeta, artista plástico e claro cabo-friense.

Vejamos uma poesia de sua autoria:

"O Bom Lusitano"

Eu nasci no São Bento.
Na terra dos fortes ventos
Do peixe e do camarão
Do namorico na praça
Do camboim com cachaça
Nas noites de procissão.

Do refresco vendido no pote
Do carapicu na capote
Ou camarão com chuchu
Carne seca, feijão e toucinho
Kasquinó com pimenta e vinho
E água fresca do Itajuru.

As famosas caldeiradas
Tainhas de ovas salgadas
E o pega-pato no Canal...
Futebol com bola de meia
Sopa de siri candeia
E as velhas barcas de sal.

Bordejando ao jeitinho delas
Com suas enormes velas
Transportando nosso sal
Nosso famoso tempero
Foi-nos trazido do Aveiro
Das terras de Portugal.

(Torres do Cabo)

quarta-feira, setembro 27, 2006

POESIARTE EM FOCO DE RODRIGO POETA


A poesiarte apresenta: Rodrigo Octavio Pereira de Andrade (Rodrigo Poeta). Poeta, professor e pesquisador cabo-friense.

Vejamos uma poesia de sua autoria ,que foi publicada pelo Jornal O Popular da Costa do Sol de Iguaba-RJ:



“Iguaba: Flor majestosa da Região dos Lagos”


Ah! Iguaba,
Flor majestosa
E esplendorosa
Da Região dos Lagos.
Lugar de muitas águas,
É o significado do seu nome
De batismo em tupiguarani.
Ah! Iguaba,
Da Capela de Nossa Senhora da Conceição,
Construída no século VIII,
Do povo hospitaleiro,
Até às belas Palmeiras Imperiais,
Cartões postais de qualquer poeta e outros mais.
Iguaba que se tornou a flor majestosa
E esplendorosa da Região dos Lagos,
Com a sua emancipação em 1995.
Banhada pela Laguna de Araruama,
Que hoje agoniza e pede socorro...
Ah! Iguaba,
Da Serra de Sepeatiba Mirim,
Onde os pássaros cantam o seu nome
Enfim...
Serra que ainda contém o ouro vermelho
Do pau-brasil, explorado por piratas
E pelos portugueses
Na época do achamento do Brasil.
Ah! Iguaba,
Das estrelas e do luar,
Que encantam qualquer poeta...
Ah! Iguaba,
Terra hospitaleira,
Terra brasileira,
Terra que comemora o seu aniversário
Em 8 de junho com grande louvor,
E que é homenageada por esse poeta com devoção
E amor.


(Rodrigo Poeta)

Poesia publicada no Jornal O Popular da Costa do Sol de Iguaba-RJ.

sábado, setembro 16, 2006

POESIARTE EM FOCO DE GERALDO CARNEIRO


A poesiarte apresenta: Geraldo Carneiro. Poeta nascido em Belo Horizonte-MG em 1952.

Vejamos uma poesia de sua autoria:


o poeta esquadrinha a natureza
em busca de indícios: eclipses
o grafismo das garças no lago
estrelas cadentes e outros sinais
da língua de deus.
e deus, crupiê do acaso,
foi passar o verão noutra galáxia
deixou no céu uma guirlanda de enigmas
e mais meia dúzia de coincidências
pra orientar o frenesi dos tolos
e as especulações da astronomia

(Poeta Geraldo Carneiro)

sábado, setembro 09, 2006

POESIARTE EM FOCO DE MEYRE CARVALHO



A poesiarte apresenta: Meyre Carvalho. Poeta e jornalista brasiliense. Autora dos livros de poesia: "Desabafo", "Flor Roxa" e "Janelas: Nem tão secretas assim".

Vejamos uma poesia de sua autoria:
Capa do livro "Janelas: Nem tão secretas assim"



"Labirintos e espelhos da minha alma"

...Trago esses amores
dentro da minha alma
feito galerias de espelhos
cheios de vigas
assentando essa minha casa.

Trago esses amores
povoação da minha alma
mesmo se trincados
ou feito cacos

Trago freios, rédeas de frenesi
para assim revolver as verdadeiras chamas.
Reproduzir em ti e em ti
tudo quanto posso ser de amor e de ódio
dentro da minha casa, povoado.

Trago um amor perverso
que ora te clama calmo habitar minha aldeia...
te põe para pousar na minha tenda
a distinguir-te como herança,
sê minha fortuna...

(Poeta Meyre Carvalho Marques )

sábado, agosto 26, 2006

POESIARTE EM FOCO DE RODRIGO POETA


A poesiarte apresenta: Rodrigo Octavio Pereira de Andrade (Rodrigo Poeta). Poeta, pesquisador, professor e cabo-friense.

Vejamos uma poesia de sua autoria, que fez parte do Projeto CULTURARTESPERANÇA realizado em 2005, no Colégio Municipal Elza Maria de Cabo Frio-RJ:


"Manifesto Poesiarte"

A poesiarte nasceu

Da imagem,

Floresceu na linguagem oral
Dos tempos,
Até a escrita magistral,
Que é imortal.


A poesiarte é arte

Dos versos, das estrofes,

Da livre e presa poesia pela rima

Ou não.


A poesiarte é o descrever,

O narrar, o cientificar,

O informar, o dissertar
Sobre a vida humana

No seu habitat.


A poesiarte é matéria,

É cosmos, é utopia,
É ilusão, sonho e nostalgia...

A poesiarte é parte

De um todo que se parte

Em mil átomos de impulsos

Do abstrato.


A poesiarte é mística,
É hístória, é essência,
É filosofia anti-Platão.


A poesiarte é do povo,

É um manifesto rico de linguagens...

A poesiarte é simultânea,
Complexa, meio jamais, mas fim

De um tudo ao servir do escravo,

Que é o poeta e vice-versa ou não.


(Rodrigo Octavio Pereira de Andrade - poeta cabo-friense)

*O quadro acima é de Jorge Cerqueira de sua exposição intityulada "Instantes".


terça-feira, agosto 22, 2006

POESIARTE EM FOCO DE CHACAL


A poesiarte apresenta: Chacal o poeta marginal. Poeta carioca nascido em 24 de maio de 1951.

Vejamos uma poesia de sua autoria:


"Fogo-Fátuo"
ela é uma mina versátil
o seu mal é ser muito volúvel
apesar do seu jeito volátil
nosso caso anda meio insolúvel

se ela veste seu manto diáfano
sai de noite e só volta de dia
eu escuto os cantores de ébano
e espero ela chegar da orgia

ela pensa que eu sou fogo-fátuo
que me esquenta em banho-maria
se estouro sou pior que o átomo
ainda afogo essa nega na pia.

(Poeta Chacal)

Publicado no livro Nariz aniz (1979).

In: CHACAL. Drops de abril. São Paulo: Brasiliense, 1983. p.71.
(Cantadas literárias, 16)

terça-feira, agosto 15, 2006

POESIARTE EM FOCO DE KATIA DRUMMOND


A poesiarte apresenta: Katia Drummond. Poeta brasileira, que vive na cidade de Sintra em Portugal.

Vejamos uma poesia de sua autoria:

"EXÉRCITO DE ANJOS"

Pequenos, barrigudinhos
Olhares tristes, mansinhos

Sorrisos amarelados

Perambulam nas esquinas

Frágeis como passarinhos

Os meninos e as meninas

Filhos das filhas das ruas

Donos dos bancos das praças

Pés-de-vento, pés descalços
Desamados, destemidos.

Perseguem-lhes os cães de raça.


Vira-latas das esquinas

Frágeis aves de rapina

Armados de pedra e pau
Os meninos e as meninas

Pastores das alvoradas

Atravessam madrugadas

Sempre em estado de graça

Adormecem ao relento

Parecem donos do tempo.

Perseguem-lhes os cães de caça.


Borboletas sob o sol

Vaga-lumes sob a lua

Sem presente e sem porvir

Quebram cercas, pulam muros

Sem saber pra onde ir

Os meninos e as meninas

Entre ódios e branduras

Guerrilheiros de almas puras

Maltrapilhos, quase nus

Têm um coração que clama

Uma alma que reclama

São todos anjos da terra.
Essas crianças de luz.!


(Poeta Katia Drummond)

terça-feira, agosto 08, 2006

POESIARTE EM FOCO DE ANIBAL BEÇA


A poesiarte apresenta: Anibal Beça. Poeta de Manaus-AM.

Vejamos uma poesia de sua autoria:

"CANTO TRANSITÓRIO"

Pela escada da vida
Subimos muitos degraus
Desafios partilhados
Com àqueles do coração.

Ritos de passagem ditos
Que ficam na duração
Subida que só começa
Quando se aprende a lição.

E lição que só se alcança
No vário recomeçar
Todo dia mais se aprende
Que a vida sim vale a pena
E na humildade serena

Expulsemos da subida
O sentimento soberbo
Do saber realizado
Para podermos cantar.

(Poeta Anibal Beça)



quinta-feira, agosto 03, 2006

POESIARTE EM FOCO DE BEZERRA DA SILVA


A poesiarte apresenta: Bezerra da Silva. O repórter da favela. A POESIARTE faz essa homenagem ao poeta do Morro ou melhor do MUNDO.Carioca da gema e do samba de raiz, que morreu aos 77 anos em 17 de janeiro de 2005.

Vejamos uma de suas poesias:


“Vítimas da Sociedade”

Se vocês estão a fim de prender o ladrão
Podem voltar pelo mesmo caminho
O ladrão está escondido lá embaixo
Atrás da gravata e do colarinho
O ladrão está escondido lá embaixo
Atrás da gravata e do colarinho

Só porque moro no morro
A minha miséria a vocês despertou
A verdade é que vivo com fome
Nunca roubei ninguém, sou um trabalhador
Se há um assalto à banco
Como não podem prender o poderoso chefão
Aí os jornais vêm logo dizendo que aqui no morro só mora ladrão

Se vocês estão a fim de prender o ladrão
Podem voltar pelo mesmo caminho
O ladrão está escondido lá embaixo
Atrás da gravata e do colarinho
O ladrão está escondido lá embaixo
Atrás da gravata e do colarinho

Falar a verdade é crime
Porém eu assumo o que vou dizer
Como posso ser ladrão
Se eu não tenho nem o que comer
Não tenho curso superior
Nem o meu nome eu sei assinar
Onde foi se viu um pobre favelado
Com passaporte pra poder roubar

Se vocês estão a fim de prender o ladrão
Podem voltar pelo mesmo caminho
O ladrão está escondido lá embaixo
Atrás da gravata e do colarinho
O ladrão está escondido lá embaixo
Atrás da gravata e do colarinho

No morro ninguém tem mansão
Nem casa de campo pra veranear
Nem iate pra passeios marítimos
E nem avião particular
Somos vítimas de uma sociedade
Famigerada e cheia de malícias
No morro ninguém tem milhões de dólares
Depositados nos bancos da Suíça

Se vocês estão a fim de prender o ladrão
Podem voltar pelo mesmo caminho
O ladrão está escondido lá embaixo
Atrás da gravata e do colarinho
O ladrão está escondido lá embaixo
Atrás da gravata e do colarinho

(Bezerra da Silva - O repórter da favela)

domingo, julho 30, 2006

POESIARTE EM FOCO DE LAU SIQUEIRA


A poesiarte apresenta: Lau Siqueira. Poeta de Jaguarão-RS.

Vejamos uma poesia de sua autoria:


"como um blues"

n
ão imponho estilos
a mim mesmo por isso
escrevo poemas que falam
do eu ou do nada
do que pouco importa aos
poucos que não escutam
os pássaros anunciando
a vida fora do casulo

o sol parece que alumbra
diante de palavras que se
derramam em sílabas
lentamente
sobre o branco de uma
superfície em virtual
absoluto

computadores tem memória

finalmente o homem inventou
a eternidade


(Poeta Lau Siqueira)

quarta-feira, julho 26, 2006

POESIARTE EM FOCO DE ARNALDO ANTUNES



A poesiarte apresenta: Arnaldo Antunes. Poeta paulista nascido 1960, cantor e ex-integrante do grupo Titãs.

Vejamos uma poesia de sua autoria:


"Pensamento vem de fora"
Pensamento vem de fora
e pensa que vem de dentro,
pensamento que expectora
o que no meu peito penso.
Pensamento a mil por hora,
tormento a todo momento.
Por que é que eu penso agora
sem o meu consentimento?
Se tudo que comemora
tem o seu impedimento,
se tudo aquilo que chora
cresce com o seu fermento;
pensamento, dê o fora,
saia do meu pensamento.
Pensamento, vá embora,
desapareça no vento.
E não jogarei sementes
em cima do seu cimento.

(Poeta Arnaldo Antunes)



quarta-feira, julho 19, 2006

POESIARTE EM FOCO DE CÁSSIO AMARAL


A poesiarte apresenta: Cássio Amaral. Poeta de Araxá-MG.

Vejamos uma poesia de sua autoria:


"METAFÍSICA DOS COIOTES I"

Rasgo o trago do imprevisto
que distrai o tempo que passa rápido.
Canto o cântico dos malditos que me cai.
Tudo vaza, tudo explode.
A noite é lenta quando lírios conspiram
contra a sorte perdida.
Lâminas que a incerteza jura fatiar para a salada
de nepotismo barato e regular da gargalhada da noite.
Bebo as estrelas virgens,
Como os meteoros platônicos,
latindo, uivando pra lua prostituta
que cavalga numa nuvem
o sexo santo dos devassos.

(Poeta Cássio Amaral)

segunda-feira, julho 17, 2006

POESIARTE EM FOCO DE RODRIGO POETA


A poesiarte apresenta: Rodrigo Octavio Pereira de Andrade (Rodrigo Poeta). Poeta, pesquisador, professor e cabo-friense.

Vejamos uma poesia de sua autoria:


"Chora Chorinho"

Chora chorinho,
Pois eu vou cantar...
Vou cantar...
Uma modinha
Pra você chorar!
Chora o violão
No chão...
Chora Noel e Pixinguinha

No céu...
Chora Chorinho,
Pois eu vou cantar...
Vou cantar...
Uma nova modinha
Pra você chorar!
Chora pro mar...
Chora para o luar...
Chora pra se lembrar
Como era bom

Namorar...
Chora Chorinho,
Pois eu vou cantar...
Vou cantar...

Uma nova modinha
Pra você, menina
Chorar...
Chora! Chora!
Noel Rosa...
Chora! Chora!
Pixinguinha, também

Nas modinhas de chorar.

(Poeta Rodrigo Octavio Pereira de Andrade -04/07/97)

O poema "Chora Chorinho" integra-se ao livro de poesias do Colégio Municipal Rui Barbosa de Cabo Frio-RJ, livro de nome "Se eu pudesse" lançado em 24/10/97. O poema foi musicado pelo compositor e instrumentista Ângelo Budega e cantado por Luciana Carvalho no dia do lançamento do livro. No programa Espaço Arte-Educação da Cabo Frio TV exibido em 11/06/03 o poema foi recitado pelo apresentador Guilherme Guaral, perante ao autor e poeta, que fora entrevistado. No dia 23/04/05 no Largo São Benedito no bairro da Passagem em Cabo Frio-RJ o poema é cantado por duas vozes e um coro e ao violão Ângelo Budega em homenagem ao dia do Chorinho, onde poeta estava a marcar sua presença e sua alegria.

POESIARTE EM FOCO DE FABIO EMECÊ


A poesiarte apresenta: Fabio Emecê. Poeta.

Vejamos uma poesia de sua autoria:



"Querendo ser Livre"

Ressoando a essência da liberdade
Está me deixando inquieto
Não sei o que fazer
Não sei o que escutar

Sinal de mudança
Inúmeras lembranças
Um só desejo
Mentira, eu quero muita coisa.

Estou preste a rastejar
Gritar e cortar o saco
Não o meu, mas do cachorro magro.
Satisfarei o meu sadismo

Quebrarei algumas vidraças
Mijarei no poste
Beijarei a minha musa
Xingarei o pastor

Pularei da ponte
Masturbarei na esquina
Dormirei na grama
Lerei no escuro

Chutarei o coco
Pisarei na merda
Treparei durante 12 horas
Não assumirei nenhum filho

Oh liberdade
Não vá embora
Uso verbos no futuro
Apenas para te satisfazer

Não posso ser imperativo
Vivo num mundo de concessões
Também não tenho milhões
É, tenho que aceitar!

Tá bom, eu acordo.
Mas pare de ressoar
Vou ter que me adaptar
Mas minha essência pede bis

E daí?

(Poeta Fabio Emecê)


quinta-feira, julho 06, 2006

POESIARTE EM FOCO DE OMAR SALOMÃO


A poesiarte apresenta: Omar Salomão. Poeta carioca e filho do saudoso poeta Waly Salomão.


Vejamos um poema de sua autoria:



"TENTAÇÃO"
 
Pele alva, levemente bronzeada.
Cabelos negros e lisos.
Sorriso acolhedor, safado, ingênuo-descarado.
- Branca-de-neve carioca -
Olhos pretos, profundos, tímidos
Olhos de gueixa
Gueixa brasileira
- de havaianas e biquíni -
Exibindo suas curvas
Que cegam meus olhos
E ludibriam minha mente.
Lábios avermelhados
- cor-de-sangue -
Voz doce e
mordaz,
Timbre suave,
sereno e
venenoso,
Palavras macias e
sedutoras
Serpente hipnótica
- de fala manhosa -
que aos poucos me enfeitiça -
Faça-me cair em tentação
(Poeta Omar Salomão)




domingo, julho 02, 2006

POESIARTE EM FOCO DE L. RAFAEL NOLLI


A poesiarte apresenta: L.Rafael Nolli. Poeta de Araxá-MG.

Vejamos uma de suas poesias:


“Canto de Ninar”
Dorme, pequeno.
Deixe os ruídos do mundo.
Os carros que cortam as ruas lá fora são bigas,
As luzes que se apagam são estrelas cadentes desenhando teu nome.

O vento fresco que deita o capim vem a teu encontro,
Trará o frescor prata da lua para beijar a tua face ingênua.
Dorme antes que o peso do mundo deite sobre ti!

Dorme, pequeno anjo,
Deite com os seres do altí­ssimo que desconhecem
As artimanhas das sombras.
Os cavalos pastam longe, aguardando sua vinda;
As cachoeiras clamam por ti!

Dorme, filho:
As corujas se foram para outros telhados;
Os morcegos atazanam outras janelas;
Os grilos ensaiam um coral em sua honra!

Sonha com as estrelas de uma intocada constelação!
Teus olhos estão voltados para alguma nebulosa distante?
Dorme, pequeno anjo:
Antes que nos despejem as chuvas atômicas!

(Poeta L.Rafael Nolli)


quinta-feira, junho 29, 2006

POESIARTE EM FOCO DE JANDEILSON GALVÃO


A poesiarte apresenta: Jandeilson Galvão. Poeta carioca.

Vejamos uma poesia de sua autoria:

"Há minha São Paulo tua dor é minha dor"


Há minha São Paulo,
De Santos, e Campinas,
Estas doente?

As lágrimas me correm aos olhos,
A dor é grande e vil,
O ódio se confunde com amor,
Há São Paulo, que horror.

Que tanto doe em ti,
Que acontece, quando assim te mostras?

Sois tão fraca,
Sem remédios?

Minha linda São Paulo,
Que desatre,
Teu nome no mundo,
A violência matando teus filhos,
Teus protetores morrendo as dezenas,
Os bandidos que de certo não são teus,
Te ti querem tomar conta.

Expulsa São Paulo este carma,
Aborta estes,
Que te destruir quer.

Minhas lágrimas são lagrimas patriotas,
Não por ser um Paulistano, pois não sou,
Sou um brasileiro, com grande dor,
De ver a linda São Paulo
Gritando seus horrores.

Se assustam teus filhos o São Paulo,
Tua dor posso sentir,
Teu desanimo posso ver,
Teus governantes arrogantes,
Por toda parte, a grande dor.

Guarda-te São Paulo,
Guarda-te deste mal,
Seja forte,
Aborte este carma
Que nasceu em teu ceio.

Seja forte minha linda São Paulo,
Te guardo no coração,
Pena, te mostra insegura,
Te ver tão cedo não irei,
Mas minha linda São Paulo,
Certamente te acompanharei.


(Poeta Jandeilson Galvão Bezerra)
Publicado no Recanto das Letras em 15/05/2006

sábado, junho 24, 2006

POESIARTE EM FOCO DE NATHAN DE CASTRO


A poesiarte apresenta: Nathan de Castro. Poeta de Uberlândia-MG.

Vejamos uma poesia de sua autoria:

Soneto Desafinado

O meu poema é música sem partituras,
Rabeca troncha e sonsa de uma nota só.
Paixão que bebe a doce clave das loucuras
Nas batutas do amor, poeiram pedra e pó.

O meu poema é mote de enganar agruras,
Jazz que envolve em tela azul rococó.
Pincel, paleta e marcas de velhas censuras
No corpo de sonetos que amarro e dou nó.

Silêncio de relâmpagos e luas desertas,
Luares e palavras de aluar pateta,
Para cumprir a sina: poeta ou poeta!?

Sigo pelos caminhos de portas abertas,
Rasgando a solidão da palavra concreta,
Desafinando a orquestra e a ponta da caneta.

(Poeta Nathan de Castro)

terça-feira, junho 20, 2006

POESIARTE EM FOCO DE PAULINO VERGETTI


A poesiarte apresenta: Paulino Vergetti.Poeta alagoano.

Vejamos uma poesia de sua autoria:

"Da morte..."

 
A morte parece-me um louco vácuo
que das lágrimas bebe insatisfeita
tirando-nos um ar.
E vamos..., quietos e frios,
na escuridão do desconhecido.
Há quem morra todos os dias;
eu não.
Tenho-na como ingrata e certa.
Quando a tolero, morre um pouco de mim
num fraco vazio
que possuo escondido
onde a vida me esconde.
Sua voz é o silêncio triste
dos sons que se perdem
entre os sonhos da voz.
Deus me livre morrer um dia.
Para isso dei meu corpo poeirento
para ficar; ele é o féretro
enchendo o vazio de minha sepultura.


(Poeta Paulino Vergetti)

sábado, junho 17, 2006

POESIARTE EM FOCO DE DEISE FORMENTIN


A poesiarte apresenta: Deise Formentin. Poeta catarinense.

Vejamos uma poesia de sua autoria:

"A BUSCA"


Fecho meus olhos,
Ouço vozes distantes.

Uma música surge, sinos tocam.

O vento sopra lentamente

As folhas das árvores ao longo da rua.

Sentada estou...

O mundo a girar e eu imóvel,

Sobretudo pensante.

Sorrir seria pedir muito,
O que acontece comigo?
Pessoas passam,

E eu perdida no tempo e no espaço,
Buscando encontrar,
No âmago de minha alma,
Um lugar só meu.

Qual o sentido desta incessante busca?

(Poeta Deise Formentin)

sexta-feira, junho 16, 2006

POESIARTE EM FOCO DE RODRIGO POETA


A poesiarte apresenta: Rodrigo Octavio Pereira de Andrade. Poeta, professor e pesquisador cabo-friense.

Vejamos uma poesia de sua autoria publicada no Jornal de Sábado de Cabo Frio-RJ:

"Manel: o barbeiro do Itajuru"


A que saudades de Manel,
O barbeiro de grande coração,

Que pulava e desfilava no carnaval
Pela nação imperiana do bairro do Itajuru com maior emoção.


A sinuca era sua maior diversão,

Quando tinha tempo dava uma escapadinha da barbearia.
Manel um mestre para o seu filho e a todos em sua profissão.
A tesoura, o secador, o creme, o talco, a água, a navalha, o pente

E toalha eram os seus instrumentos de sua simplicidade.

Flamenguista de primeira,

Não fugia de nenhum corte,

Pois sempre tinha uma carta na mesa.


Tinha um defeito, que era fumar

Quase o dia inteiro,

Sempre ou às vezes acompanhado por um cafezinho

O seu ato libertino de fumar.


Na barbearia causos do Itajuru são contados
Por pessoas folclóricas do bairro ou não,

Sempre aos ouvidos e aos olhos atentos

Dos fregueses e claro do saudoso Manel, o barbeiro.


Quando eu ia na barbearia
Ele cumprimentava

Me chamando de flamenguista

E o mesmo eu fazia.


Lá quando minha vez chegava, Sasá passava pela barbearia
E dizia: -Manel raspa todo o cabelo de Cocada!
E eu ria de alegria na barbearia.


Assim ficam os versos, as estrofes e o momento

Desse poeta cabo-friense e brasileiro

Em forma de homenagem a esse grande barbeiro,

Que nos deixou pela imprudência de outro barbeiro.


A que saudades de Manel,

O barbeiro de grande coração,
Que pulava e desfilava no carnaval
Pela nação imperiana do bairro do Itajuru
com maior emoção.


(Rodrigo Poeta)

Poesia publicada no Jornal de Sábado de Cabo Frio-RJ.