sábado, abril 18, 2009

ENTREVISTA COM ÉRIC MEIRELES DE ANDRADE


A poesiarte apresenta: Éric Meireles de Andrade. Poeta e ativista cultural. Nascido em 01 de outubro de 1973 na cidade de Caratinga-MG.

-Vejamos uma entrevista feita por Rodrigo Poeta ao poeta Éric Meireles:

1-Como você começou a gostar de poesia?

R.: Aos 9 anos (1983), recitando "Deus" de Casimiro de Abreu, no Colégio Machado Sobrinho (Juiz de Fora-MG). Fiquei tão emocionado que "declamei" um poema que fiz naquele momento. Foi massa!

2-Quem incentivou você?

R.: Indiretamente meu pai, devido ao gosto e incentivo que dava pela leitura. Diretamente foi a Literatura Brasileira (principalmente a contemporânea).

3-Que tipo de poesia você mais gosta e prefere fazer?

R.: Gosto de escrever tudo sobre presente (amores, luta, filosofia, volúpia, cotidiano, prazer, etc).

4-Qual o seu estilo de fazer poesia, ou seja, qual modo em que você faz a poesia?

R.: Escreve versos livres, diretos e simples, como catalisadores de metáforas.

5-O que representa ser poeta para você?

R.: Representa uma oportunidade de escrever em versos sobre o mundo e as coisas. Falar do que descubro e denunciar o que condeno. Representa também minha responsabilidade de estar mais próximo do povo e da cultura brasileira.

6-O que representa a poesia para você?

R.: Representa a expressão mais livre da literatura: subjetiva em construção e sentimento; contemplativa, reflexiva e anti-racionalista; inimiga mordaz do status quo e uma construção que não se obriga a temporalidades nem enredos.

7-Quais os grandes ícones da poesia brasileira e mundial, que agrada mais você?


R.: Mário de Andrade e Pablo Neruda.

8-Você já participou de recitais de poesia? Se participou cite alguns de grande importância?

R.: Sim. Sarau do Genestra (São Paulo/ abril de 2006). A Confraria dos Poetas entidade que faço parte, faz uns 4 saraus por ano.

9-Qual a sua visão sobre a cultura principalmente no campo da literatura?

R.: Cultura é o modo de se fazer e refazer, produzir e reproduzir, seja no plano material ou imaginário de um povo. A literatura é uma linguagem da cultura expressa especialmente pela escrita.

10-Você já publicou algum livro? Se já, cite o nome dele e o ano em foi publicado?

R.: Sim. "Fragmentos da Poesia Marginal" pela Ed. Libra Três em novembro de 2006 e "Confraria dos Poetas - Uma Antologia" - Lançada em São Paulo-SP na Casa das Rosas.

11-Você já fez algum projeto ou participou de algum em referência a poesia?

R.: Sim. Faço parte de uma organização nacional de poetas chamda "Confraria dos Poetas".

12-Qual a poesia sua em que você mais possui afeição?

R.: De todas, mas de lambuja deixo um poema epicureu.

A Natureza das Coisas

A natureza das coisas
Está na beleza do simples,
É a ousadia da comunhão entre os homens
E tem o doce sabor do amor e da amizade.

A natureza das coisas
Tem a união de pequenas partículas
Que se transformas em montanhas,
Está na inteligência decodificada da virtude
E é a coragem de lutar com ternura.

A natureza das coisas
Está também na importância do vazio
É a racionalidade cotemplativa vencendo os templos
E não temer a morte,
Que a vida traz sempre consigo no bolso.

A natureza das coisas
Está nos anseios do avaro e do humilde
É a contramão da bonança e da miséria
E tem lápides escritas com o sangue dos tolos e dos
Sábio...

...como dizia Demócrito antes de Cristo,
A natureza das coisas
Está na bondade dos homens que dormem tranquilos
E no caminho sujo daqueles que acompanham os porcos...

(Éric Meireleres de Andrade).





sexta-feira, abril 03, 2009

DESTAQUE POESIARTE DE MARÇO


A poesiarte apresenta: João Bosco. Poeta de São José dos Campos-SP. João Bosco foi o poeta destaque do mês de março da COMUNIDADE POESIARTE.

- Vejamos um poema de sua autoria:


Náufragos em Zanzibar

I
Amar-te de maneira tão tensa,
Como só o fazem os animais.
Em ti, minha paixão é intensa.
Sufoco em beijos, gemidos e ais.
Pedes-me; já quase não pensas.
Não pare, amor... não pare jamais.

II
Por desejo assim tão profundo, tenaz.
Navegar por mares estranhos me ponho.
Possuo-te - abro mão de tudo no mundo.
És tu cadela vadia; sou eu cão vagabundo
Em tua gruta sedenta, minhas armas deponho.
Exangue, sacio em ti, a minha fome voraz.

III

Um outro desejo, célere, ocupa.
O lugar do que ficou acabado.
Amar-te é bom - pois sem culpa.
Provo do fruto, no Paraíso negado.

IV

Teus beijos, amor; são doces, de sabor tão raro.
Que deles, o gosto, a mente, confusa, me olvida.
Recorro então ao Sentir; que me é muito mais caro.

V

Não pare, amor! Não pare! Diga-me por toda a vida.
Molhada em suor; trêmula, peito arfando, olhos sorrindo.
Abraço apertado; beijo-te a nuca - de repente, te vejo quieta - dormindo.

Poema relembrando os caminhos que levam de Marrakesh a Bagdad, passando pelo cabo da Boa Esperança, com escala em Zanzibar, que faz rima perfeita com amar.

Vale do Paraíba, Halloween de 2008.

(João Bosco).